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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Cientistas portugueses estudam reprodução do vírus do Dengue e antecipam surtos na Europa

O risco de um surto de dengue fez despertar a Europa e os Estados Unidos para a importância da pesquisa nesta área, mas investigadores portugueses temem que o tratamento da doença não seja prioritário para a indústria farmacêutica.

Ivo Martins e Nuno Santos são investigadores do Instituto de Medicina Molecular (IMM), em Lisboa, e estão a conseguir progressos na compreensão do ciclo de vida dos vírus, abrindo caminho ao tratamento de doenças como dengue, febre-amarela ou vírus do Nilo Ocidental.

Usando como modelo o vírus do dengue, os investigadores da Unidade de Biomembranas do IMM, em parceria com a Unidade de Bioquímica-Física do mesmo Instituto e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desvendaram pormenores relativos à formação de novos vírus.

A ideia é perceber qual o mecanismo de produção de novos vírus para depois identificar as ferramentas mais úteis para interromper esse processo”, disse Nuno Santos.

Ivo Martins explicou que a investigação pretende “identificar como é que o vírus faz a montagem de novos vírus, estudando para isso a proteína C e a sua ligação a certos lípidos [gorduras] “.
É a partir desta descoberta que será possível criar um tratamento para as infecções por dengue, que, lembra Nuno Santos, já não estão confinadas às regiões tropicais.

Com o aquecimento global e uma maior movimentação de pessoas e bens, os mosquitos transmissores passaram a existir também na Europa, o que faz com que estejam reunidas as condições para um surto”, disse.

Não existe qualquer vacina ou tratamento para a infecção por vírus da dengue. Nuno Santos acredita que uma vacina será conseguida “numa escala temporal mais alargada” e que no caso do tratamento está mais perto “uma ferramenta promissora para ensaios clínicos”.

No entanto, estamos ainda bastante longe de medicamentos para o tratamento da dengue”, disse, adiantando que só o processo de compreensão do funcionamento do vírus pode demorar dois a três anos.

Os investigadores sublinham que os países do Hemisfério Norte têm dado pouca atenção à dengue e outras doenças tropicais porque não os afectavam directamente, ainda que o aumento do risco de surtos na Europa ou nos Estados Unidos tenham mudado “o paradigma de interesse” pela dengue.

Ivo Martins lembra um caso detectado de transmissão local no Verão de 2010 em Nice, França, para considerar que é preciso tomar medidas, e recorda a “decisão estratégica” da União Europeia de aumentar o financiamento para a investigação nesta área.

Mas, “mesmo com o crescer de importância no hemisfério norte, continua a não ter o mesmo grau de prioridade e impacto para a indústria farmacêutica que um tratamento para Alzheimer, sida, gripe ou doenças cardiovasculares”, ressalvou Nuno Santos.
O vírus da dengue é uma das principais causas de febre hemorrágica em todo o mundo, sendo que cerca de dois terços da população mundial vive em áreas onde o vírus é transmitido. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que entre 50 milhões a 100 milhões de pessoas são infectadas anualmente.

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